“Campeões” olímpicos que são apanhados no anti-doping e confessam abertamente o fato (depois de muito apertados), dizendo, candidamente, que achavam que não havia nada de errado nisto.
Pesquisadores famosos que manipulam dados e publicam falsos artigos e conclusões em renomadas revistas científicas.
Jornalistas reconhecidos que publicam notícias completamente inventadas em jornais e revistas de insuspeitada confiabilidade.
Mestrandos e doutorandos que compram dissertações e teses no supermercado da Internet.
Pos-graduandos que assinam os trabalhos feitos pelo grupo, sem ter participado, e pedem aos colegas para não deixarem de assinar a lista de presença por ele.
Estudantes que passam a maior parte do curso no boteco em frente à Faculdade, colam, tiram notas excelentes e passam “com mérito”. Se engenheiros, construirão prédios e viadutos com curto prazo de validade; se médicos, seus diplomas lhes permitirão administrar a vida ou a morte de seus pacientes. Paciência…
Profissionais de toda ordem que plagiam – descarada ou veladamente – outros profissionais, recebendo louros (e ouros) que não lhes pertencem.
Empresários que falseiam o peso das embalagens e a composição dos remédios; profissionais oriundos da vida pública que traficam informações privilegiadas e influência sob o título de “consultoria”; políticos, autoridades e estelionatários de toda ordem, que dão festas nababescas e exibem orgulhosos “seu” patrimônio, construído pela corrupção, pelo achaque, pela intimidação e pelo roubo sistemático do dinheiro público e privado.
Pessoas que “emagrecem” do dia para a noite ou adquirem “predicados físicos” vários, recorrendo a métodos drásticos e arriscados, aconselháveis apenas para aqueles que deles tenham real necessidade.
Slogans que exploram fragilidades humanas, mascaram as verdadeiras intenções ou danos inerentes ao consumo dos produtos: “Fazendo sua vida mais doce” (Açúcar União”); “Uma boa idéia” (Caninha 51); “Emoção pra valer” (Coca-Cola); “Deu duro, tome Dreher”, “Ao sucesso” (cigarros Hollywood); “Eu sou você amanhã” (Vodka Orloff); “Você reconhecido” (American Express); “Todo seu” (Banco do Brasil); “Compre Batom, seu filho merece Batom.”; “Justifica Tudo” (bolacha recheada Negresco); “Quer pagar quanto?” (Casas Bahia); “Conte Comigo.” (Chevrolet)
Que mais? (Ajude a completar a lista).
Entramos definitivamente na “sociedade 3.0”. Na 1.0, o importante era SER; na 2.0, TER; agora, na 3.0, basta:
- PARECER TER: tudo comprado a perder de vista e, às vezes, não pago; gente que, muitas vezes, não tem o essencial, comprando roupas de grife e carros fora de sua realidade, estourando o cartão e o cheque especial – “depois a gente renegocia o débito…”);
- PARECER SER – honesto, inteligente, culto, competente, rico, bonito, mesmo que tudo tenha sido conseguido por métodos artificiais ou via cola, plágio, publicações falsas, doping, extorsão, roubo, tráfico e jeitinhos mais – ou menos – sutis.
Conquista? Honra? Mérito? Esforço? Verdade? Integridade? “Coisa para idiotas e caretas.”
3.0: uma sociedade quase inteiramente “fake”.
Há que repensar.