Século XXI: uma poderosa conjugação de quatro grandes forças redesenha o mundo. A globalização, a supremacia dos serviços sobre a indústria, o conhecimento substituindo a terra, o capital e o trabalho como grande gerador de riquezas, e, finalmente, a tecnologia, como o meio pelo qual as outras forças atuam.
O advento da Sociedade do Conhecimento, aliada ao vertiginoso avanço tecnológico, trouxe profundas transformações para a humanidade em geral e, em especial, para o mundo do trabalho. Conseqüentemente, gerou novas demandas para o cidadão e para o profissional. Mais do que acumular informações (tarefa cada vez mais impossível e mais inútil), o cidadão/profissional é desafiado a saber de que informação precisa, onde encontrá-la, como acessá-la e como transformá-la em conhecimento. Além disso, precisa ser capaz de trabalhar em equipe, ter ampla visão cultural, valores bem definidos e um vasto etc.
A contribuição do sistema educacional para a formação desse novo cidadão, capaz de estar conectado permanentemente ao mundo, de contribuir para a transformação e de “produzir conhecimento” (ao invés de apenas consumi-lo – ou só consumir), requer uma transformação radical, seja na postura ainda patriarcal da escola, seja no desenvolvimento de uma práxis que de fato permita que os educandos vivenciem, como parte integrante de sua formação, os desafios que este novo mundo do trabalho e da cidadania global lhes trazem. Aprendizagem autônoma e em equipes de trabalho autogerenciadas, uso natural da tecnologia da informação, desenvolvimento de uma “visão de mundo” e participação social “aqui e agora” são apenas alguns itens de uma nova metodologia, necessária para desenvolver as competências demandadas pelos novos tempos e pela tarefa impostergável de “reinventar” o mundo (antes que, talvez, acabe).
Como importante auxiliar nos esforços de transformação da escola, colocam-se as novas tecnologias da informação e comunicação. Dentre estas, além da multimídia, com seu poder de impactar simultaneamente vários sentidos do indivíduo, destaca-se a Internet, com sua capacidade de colocar a informação necessitada à disposição da pessoa, em segundos, e de permitir a comunicação transglobal, a qualquer hora, criando até mesmo a fantástica possibilidade de trabalho em equipes virtuais, multinacionais. Que tal, por exemplo, equipes de estudantes palestinos, brasileiros, americanos e israelenses desenvolvendo, em conjunto, o projeto “Construindo a paz no Oriente Médio” ?
Novos tempos requerem redesenho de papéis. Deixa o Diretor de ser “Diretor de Escola” e passa a ser “Gestor do sistema educacional”; deixa o professor de ser “transmissor de informações” e passa a ser “gestor do ambiente ensino-aprendizagem”; deixa o aluno de ser simplesmente “aluno” e passa a ser “gestor de sua própria aprendizagem”; por fim, deixa a família de ser aquela que “deposita” o filho na escola para ser educado e passa a ser “co-operadora do sistema educacional”.
Para se atingir esse novo patamar, todos os atores da cena educacional têm que ter a humildade de se tornarem eternos aprendizes, para não correrem o risco de se transformarem em “sapos fervidos” (aqueles que morrem “cozidos e felizes”, por não perceberem a mudança, quando colocados em água que se aquece gradativamente).
Revolucionar o aprendizado, pela introdução de nova metodologia, “protagonizante” do educando e apoiada pelas novas tecnologias; investir no seu próprio aperfeiçoamento, buscando sintonizar-se com as novas demandas; dominar e usufruir os benefícios das novas tecnologias, estimulando que os alunos a usem com a naturalidade com que nós , os “antigos”, usávamos o lápis e o caderno; trazer para a gestão da escola, em seus vários níveis, as ferramentas tecnológicas que permeiam todo o mundo moderno do trabalho; inserir nos corações dos educandos a certeza de que são capazes de construir um mundo muito melhor do que o que receberam da geração anterior (e acender a chama do desejo de fazê-lo): contribuições imprescindíveis de educadores e gestores para a construção de um admirável sistema educacional capaz de oferecer à humanidade um admirável mundo novo.